quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Desperta Dor Real


Trim., Trim.
Chora o bebê.

O sol aparece preguiçoso
Mas não há tempo.
Zé acorda as cinco
Leva mais cinco pra se levantar
Com mais 50 pra sair
Lá se vai um bom tempo.
Troca de roupa, põe o sapato abre a porta e sai.
Uma hora a menos em sua vida curta.
Espera,espera,espera.
20.
Pega o coletivo. Ninguém se olha.
Mais 30.
Deseja no íntimo de suas entranhas trabalhar meio turno naquele dia.
Quem dera quatro das oito.
Perde mais três pensando nisso.
Das nove ás dezoito enclausurado.
Uma hora de almoço não descontados.
Enfim chega ao labor.
Sossega o calor.
As 13.
Morre.
Gordo que só ele.
Gordura na veia.
Infarto fulminante.
Zé, naquele dia, quis trabalhar meio turno.
Eu te disse Zé,
Cala e não reclama.

Zé, de lugar nenhum.
Viveu para morrer.
Enterra o homem.
Semana que vem esquecem-se do Zé...

Tic. Tac.
Nasce novamente o Sol.
Dessa vez, vestido de Morte.
Seu tempo acabou.

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