sexta-feira, 25 de maio de 2012

Oh no, oh no.


You know life can be long
and you got to be so strong
and the world is so tough
sometimes I feel I've had enough.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Hibernum



Nosso primeiro inverno.
Nunca, jamais esquecerei.
Seu corpo frio, sua mão pedindo a minha.
Enlaçados aos cobertores.
Tentando escutar a chuva lá fora.
Imaginando as finas e gélidas gotas.
Escorrendo pela grade branca de minha janela.
Nossa janela.

Seus dedos finos deslizando sobre meus negros cabelos.
Seus olhos procurando os meus na escuridão.
Um desenho de meses atrás que parecem anos.
E as gotas desperdiçando todas lagrimas do mundo.
Eu e você. E só.

Ha de ser infinito.
A finitude do inverno.
A brisa passageira.
A sinistra noite longa.
Os desavisados a fugir do temporal.
Os pés frios buscando se cobrir na calada da noite.
Os braços abraçando o travesseiro em um súbito e solitário desejo de compartilhar do calor humano.
E eu, aqui sem você.  Noite após noite a perpetuar minha insônia.

Quando o inverno chegar.
E as casas se tornarem cavernas escuras urnas de nossa solidão.
É com você que eu quero estar.
Sentar na varanda, ver a chuva passar.
Torcer para que cada nuvem densa e escura demore.
Demore o bastante pra nos resfriar, acalmar a pele. Sugar nossa alma.
Que chuva, que chova.
Que lave a alma dos estranhos.
Que prolongue nosso abraço.
Muito mais que apenas o aquecer ou o aconchegar.
Que tenha amor, meu amor.

Que haja misericórdia para aqueles que não têm onde se abrigar.
A chuva trás consigo não só aconchego. Mas também destruição.
Hão de lembrar quando tudo desmoronar.

Quando o inverno enfim passar.
Duas doses para acompanhar.
E como sou seu bom menino.
Voltarei a esperar.
Desta vez, pelo próximo inverno.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Eu sou um perdedor


O sino toca ao longe,
Três dados escorregam sobre a mesa, trôpegos imbecis,
Certamente jogados, atirados aos lobos por lobos,
São perdedores natos, ainda assim não menos tolos.

Apostam sua vida como quem aposta seus dedos com cães famintos,
Sempre em busca de um horizonte que nunca chega, nunca satisfeitos.
E nem os vermes bebem de sua bebida, e nem a lesma passeia sobre sua pele,
Nenhum deles a procura de um pote de ouro, nenhum atrás do obvio.
Só sangue, só sangue...

Tanto sangue, tantas lagrimas que estas se misturam formando uma poça putrefata,
Mas não podre como o suor humano, mas sim de um aroma peculiar quase imperceptível e desconhecido.
Hão de provar, disseram ser santo. Disseram dar sorte ao mais azarento.
Acreditaram. Arriscaram até o ultimo dado parar.

Só dor, só dor.
E uma vida miserável.
Perder é a vida, crer em uma esperança é da natureza.
Mesmo quando os dados param e o sino ao longe congela aterrorizando aqueles que apostam tudo.
Anunciando assim o perdedor.