domingo, 30 de janeiro de 2011

Bela Caminhada


Estou morto;
O que irei fazer
Não há mais vida em lugar algum;
Só trevas...
Uma dor e não existo mais.

Onde está minha mulher
Minha mãe e meus filhos;
Não o verei mais;
Jamais;

A dor me dividiu em dois;
Uma parte em morte outra em vida;
Não mais glorias;
Não mais soluços ou tristeza;
Nem se quer aplausos e sorrisos;
Apenas a mortalha...
Ouro negro dos mortos;

Agora o silencio;
Mudo e um ruído de dor;
Não existo mais;
A cruz e a espada;
Transpassada em meu peito nobre;
E meu sangue azul é vermelho como o de qualquer um;

Só a morte nos deixa iguais;
Transpassa nossa vaidade mais singela.
No corpo e na alma;
Enterrados em valas profundas;
Sem medo e sem ar;

Sim aquela brisa quente em meu rosto jamais;
Apenas o bafo gélido da noite eterna;
Que em seus braços me puxam para o abismo de mil mãos;
Sem esperança alguma em que me agarrar;

Não há mais o que lamentar;
Estou consciente de minha condição.
Só me resta se entregar a siesta eterna;
E apesar dos pesares;
E das lamentações;
O que sentirei saudades é de estar vivo...
Junto a você, bela dama em minha lápide.

Nenhum comentário:

Postar um comentário