quarta-feira, 16 de junho de 2010

DEZENOVE


Acordei em uma noite chuvosa;

Em minha cabeça ainda pesada do sono acumulado;

Não, não estou sonhando acordado;

Por mais que minha cama morna tente me confundir;


Ainda na penumbra levanto;

Vou ao banheiro e lavo meu rosto;

Olho no espelho;

E vejo minha imagem disforme;

Que não me mostra nada;

Além de sombras;


Caminho através dos cômodos;

Enquanto reflito;

O quanto a vida caminha a passos largos;

Ainda é fresca na minha memória;

Meus pequenos passos e brincadeiras de crianças;


Brincadeiras essas, que deram espaço;

Para obrigações desesperadas e busca desenfreada pela pontualidade;

Em meu recém adquiridos dezenove anos;


Talvez já não me reste paciência;

Talvez já não me reste tanto tempo;

O amanhã vem chegando tão cedo;

Que temo deixar o trem passar;


Pessoas irão;

E eu ficarei;

Aguardando sentado a minha vez?

Numa fila sem lógica.


Já não vejo as nuvens e estrelas passarem;

Em minha janela;

Enquanto jogo aos montes o tempo janela a fora;

Isso já não me possui;

E eu já não possuo a ninguém;


Talvez não tenha realmente conseguido;

Aos dezoito minha tão esperada liberdade;

Talvez tenha ficado ainda mais preso;

Em um sistema sólido e de poucas brechas;


E no fim de toda minha confusa reflexão;

E a vejo;

Como em uma luz no fim do túnel;

Minha ultima esperança;

Branca, quase impossível de enxergar;

De tocar;


E eu já não sinto;

Que ainda há busca;

Além de estar preso em um beco sem saída;


Não me deixe mais esperar;

Há muito a vivermos;

E o tempo é curto;

Eu não posso guardá-lo para depois;


Não permita mais um dia ir embora;

Ao vento, nesse eterno relógio de areia...

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